Tento Mestre Jesley Alves (@alves_jesley)

Sempre estive ciente de que o sacrifício animal era parte integrante da nossa religião dos Orixás e N'kisi. Nunca esquecerei o primeiro ritual onde um animal foi sacrificado. Fiquei apreensivo no início, mas logo entendi que era uma atitude normal e relevante para o nossa comunidade.

Na África antiga e até hoje em dia, nas senzalas e em qualquer lugar onde esses povos passaram, o sacrifício era feito como forma de agradecimento aos ancestrais e divindades. A carne dos animais era uma fonte limpa, saudável e rápida para eles consumissem, mas o ato de matar o animal era feito com muito respeito e reverência.

Querer fazer ou não é uma escolha pessoal, mas para nós, é um ato de reverência e devoção. Não é fácil sacrificar um animal. Damos com dor, pois sabemos que estamos tirando a vida de uma criatura viva e sensível. Mas fazemos com respeito e amor, tanto para com o animal quanto para com nossos ancestrais e divindades.

Para alguns, pode ser difícil entender essa prática, mas é importante lembrar que tudo é sacrifício. Quando oferecemos frutas, grãos torrados ou acendemos velas, também estamos sacrificando algo, pois esses gestos não matarão a fome de ninguém nem iluminarão uma sala. O sacrifício é dar com dor, é dar algo valioso em troca de uma bênção ou proteção.

Infelizmente, algumas pessoas não conseguem compreender essa tradição e a usam de maneira terrível. Essas pessoas não concordam com os princípios da nossa religião e não devem ser confundidas com aqueles que a respeitam e a honram, sendo uma tradição ancestral.

Embora eu saiba que nem todos são a favor deste tipo de ato, espero que possamos respeitar as escolhas uns dos outros e conviver em paz.

Axé!