O livro Quimbanda Antiga do Mestre Jesley Alves é primeiramente um protesto a toda modernidade tóxica que invadiu nossos templos de Umbanda e Quimbanda nas últimas décadas. O autor celebra o crescimento das religiões afro-brasileiras, mas não gosta da qualidade, principalmente dos que ensinam e instruem os novos seguidores. Jesley Alves teve o privilégio de nascer em uma família que em todas as gerações preservou os cultos, desde que saíram da Angola no período escravagista do Brasil.

O autor sustenta que a Quimbanda angolana foi transmitida para ele pelo seu tataravô, um Quimbandeiro de verdade. Seu tataravô presenteou sua família com seus conhecimentos sobre como evocar e invocar os espíritos, e como usar de sua sabedoria e conhecimento para aliviar as dores carnais e espirituais. Sua tataravó, uma genuína Tupinikin, foi forçada a trabalhar em uma fazenda no Espírito Santo, onde conheceu seu grande amor, seu tataravô, e juntos formaram a família Alves. Desde então, somam a cultura indígena com o culto de Quimbanda, praticando-a na senzala e sendo ensinados geração após geração.

Jesley Alves teve os avôs como grandes agregadores desse tipo de conhecimento na tradição de Umbanda, que, até então, havia sido supostamente fundada por Zélio Fernandino de Moraes, em 1908, e estava chamando a atenção da mídia nacional. Eles faziam questão de ensinar a seus filhos tudo o que haviam aprendido com os antigos. A mãe do autor, por exemplo, aprendeu com sua mãe, a avó de Jesley, a arte do benzimento e cura pelas ervas. Ela era uma umbandista com muito orgulho, e Maria Molambo era sua guia que sustentava a casa e nunca deixou o pai de Jesley desempregado.

A tia do autor, a Tia Maria, era outra que aprendeu tudo com os antigos. Analfabeta, ela aprendia tudo o que precisava através da intuição espiritual com os ancestrais, mas comprava e guardava todos os jornais, revistas e livros sobre Umbanda que saíam. Ela dizia ser importante, mesmo sem poder ler. Sua caridade era tocar sua Umbanda em um sótão e ajudar a todos que a procuravam, diurna ou noturnamente, inclusive pessoas que moravam nas ruas. Ela levava-as para dentro de casa e, saíam dali curadas e, até mesmo, conseguiam empregos. Infelizmente, Jesley Alves não pode passar muito tempo com sua tia, mas se lembra de que no velório de sua mãe, ela o puxou e disse: "Vou lhe ensinar algumas coisas antes que eu morra também." Ingênuo, Jesley disse que não havia pressa, que ela era jovem. Mas três meses depois, sua tia também faleceu. Jesley se arrepende de não ter dado mais atenção às palavras dela.

Ele sempre se perguntou o que sua tia queria lhe ensinar e como isso poderia ter mudado sua vida. Só quando se tornou um sacerdote é que percebeu a relevância de aproveitar o tempo com os seus familiares e aprender com os seus sábios conselhos. Ele se comprometeu a não desperdiçar mais nenhuma oportunidade de aprender com as pessoas mais experientes e sábias de sua vida.

A espiritualidade é um tema que desperta diferentes percepções e interpretações na atualidade, e a Umbanda e a Quimbanda tradicionais são frequentemente mal compreendidas. Mas para o Sacerdote, que carrega tradições familiares e ancestrais, é sua obrigação colaborar com a literatura umbandista e quimbandista brasileira.

Seu desejo é que seu livro toque a essência de cada leitor, assim como tocou a dele, e auxilie a recuperar as raízes profundas da Quimbanda de senzala e do culto indígena, além do beatismo, os pilares da Umbanda Sagrada e da Quimbanda tradicional.

O Jesley Alves teve a sorte de aprender com pessoas como Seu Geraldo, um benzedeiro e quimbandista experiente que lhe apresentou muitas linhas de trabalho que nunca havia ouvido falar antes. Seu Geraldo narrou histórias de grandes proezas que ocorriam nos terreiros do Rio de Janeiro, tanto antes quanto depois da suposta fundação da Umbanda. Porém, grande parte dessas Linhas de Trabalho foram abandonadas ao longo do tempo, e as tradições foram deturpadas por aqueles que não têm plena compreensão do significado por trás delas.

O Sacerdote reconhece que todas as religiões do mundo são belas com um papel vital na espiritualidade global, mas destaca a importância de compreender as diferenças entre elas e de manter a identidade e as essências das tradições umbandistas e quimbandistas. Um exemplo disso é a Linha das Almas, uma das linhas de trabalho que o Sacerdote aprendeu com Seu Geraldo e que difere dos Preto-velhos e Preta-velhas, cuja linha é de Yorimá.

Este livro, para o Sacerdote, é um protesto contra aqueles que usam seu nome para dizer que aprenderam com ele e, em seguida, distorcem essas tradições. Não é questão de ser contrário a outras religiões, mas sim de manter a essência dessas tradições passadas de geração para geração. O livro aspira mostrar a verdadeira essência da Umbanda Sagrada e da Quimbanda tradicional, inspirando as pessoas a se esvaziarem de suas doutrinas e experimentarem isso do ponto de vista de quatro gerações que guardaram isso em seu íntimo.

Para o Jesley, é relevante tolerar e considerar as diferenças religiosas, mas também é crucial manter as tradições transmitidas pelos nossos antepassados. Ele deseja que seu livro inspire aqueles que buscam aprender mais sobre a Umbanda Sagrada e a Quimbanda tradicional.

Jesley acredita que muitas pessoas têm uma percepção equivocada sobre a Umbanda e a Quimbanda, muitas vezes associando essas religiões a práticas más e sinistras. Contudo, isso é mentira. Essas tradições, na realidade, são ricas em história e oferecem uma perspectiva única e valiosa da espiritualidade.

O Sacerdote enfatiza que a Umbanda Sagrada e a Quimbanda tradicional são

religiões sérias e devem ser tratadas com

respeito. Elas não são apenas um conjunto de práticas aleatórias ou crenças exóticas. Pelo contrário, são tradições profundas e antigas que têm sido transmitidas de geração em geração.

Seu livro é uma forma de ajudar as pessoas a compreenderem melhor essas tradições e conectarem-se com sua essência mais genuína. Ele espera que isso contribua para o resgate das raízes dessas religiões e para a promoção de uma compreensão mais clara e precisa sobre elas. No entanto, o Sacerdote reconhece que isso não será fácil. Muitas pessoas têm visões pré-concebidas e estão dispostas a julgar a Umbanda e a Quimbanda sem realmente as compreenderem. Apesar disso, o Sacerdote acredita que a mentalidade pode ser mudada. Ele incentiva as pessoas a abrirem suas mentes e seus corações para a Umbanda Sagrada e a Quimbanda tradicional. Elas têm muito a oferecer e podem ser uma fonte de sabedoria e inspiração para todos que estão dispostos a ouvir.

O Jesley espera que seu livro ajude a iniciar um diálogo mais profundo sobre a Umbanda e a Quimbanda. Ele sabe que muitas pessoas têm dúvidas e perguntas sobre essas religiões, e ele está disposto a responder a todas elas.

Ele acredita que a Umbanda Sagrada e a Quimbanda tradicional têm o potencial de trazer uma nova perspectiva para o mundo. Elas podem ajudar as pessoas a se conectarem com sua espiritualidade mais profunda e a descobrirem um novo sentido de propósito e significado em suas vidas. E é por isso que ele está tão comprometido em preservar e promover essas tradições.

O autor desse livro tem um objetivo claro: trazer de volta as tradições antigas e os ensinamentos verdadeiros dos nossos ancestrais.

Por isso, o autor espera que o livro ajude as pessoas a compreenderem melhor a figura de Exú e Pombo-gira, a entender a sua importância em nossa espiritualidade, e a respeitar as tradições antigas transmitidas de geração em geração.

Leia mais no próprio livro.